O presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, disse nesta quinta-feira que a pista do aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo) não foi responsável pelo acidente com o Airbus-A320 da TAM. "Garanto que a pista não teve nada a ver com aquele acidente. A investigação vai dizer. Assisti a fita [do acidente] e vi o que aconteceu. A investigação vai descobrir isso", afirmou.
Apesar de não querer opinar sobre as causas do acidente, Pereira disse ser "possível" que falhas na aeronave tenham provocado o choque do Airbus com um prédio da TAM Express.
Segundo o brigadeiro, o avião atravessou a pista de Congonhas na mesma velocidade com que aterrisou --o que comprovaria que a pista molhada não provocou a derrapagem da aeronave.
"O avião pousou na pista com 110 nós. Depois de percorrer 1.900 metros, ele atravessa a pista e se projeta em cima de um edifício a 110 nós. Ele não desacelerou, certo? Isso significa que não reduziu a velocidade. Um escorregão [na pista] nunca aumenta a velocidade do avião, só diminui. Se é contra a lei da pista, alguém vai encontrar explicação para isso", disse o brigadeiro.
Na opinião do brigadeiro, a pista de Congonhas é segura para aviões de grande porte como o Airbus. "Eu não disse que Congonhas é seguro, mas que esse acidente não tem nada a ver com a pista. A pista está segura para aviões daquele porte."
O brigadeiro confirmou que a pista do acidente permanecerá fechada até que sejam concluídas as perícias no local. Ao final dos trabalhos, Pereira assegurou que ela será reaberta.
O presidente da Infraero reiterou, no entanto, que a pista será sempre interditada ao ficar molhada até que as investigações comprovem que ela não foi responsável pelo acidente com o avião da TAM.
"Foi tomada a decisão ontem de manter a pista principal operando em condições de pista seca. Se ela molhar, ela será interditada, isso até o final da investigação. É uma medida de mera precaução, não tem nada de risco nisso. Mas como houve o acidente, é uma questão até de dar uma satisfação à opinião pública", ressaltou.
Demissão
Pereira foi convocado para reunião de emergência esta tarde no Palácio do Planalto com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). O brigadeiro negou, no entanto, que tenha recebido um pedido formal do governo para deixar o cargo depois do acidente com o Airbus da TAM.
"Eu não estou disposto a nada. Estava cuidando do acidente, fui chamado e vim ver o que eles querem comigo. Mas está tudo tranqüilo", desconversou.
Nos bastidores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estuda trocar o comando da Infraero diante do temor que a pista de Congonhas possa ter provocado o acidente.
A Infraero liberou a pista há 20 dias para pousos e decolagens, depois de passar por uma ampla reforma. Apesar da liberação, a pista não possui o "grooving" (ranhuras que ajudam no escoamento da água) que reduz o risco de derrapagens de aviões em casos de chuva.
GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

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